Como ler os ícones de uma igreja?

Existe um cânone tanto para ícones quanto para a iconóstase, originado na época bizantina. Os enredos são meticulosamente organizados em uma hierarquia significativa.

A leitura dos ícones pode iniciar-se pelo nártex (recinto nas igrejas bizantinas junto à porta de entrada, separado da nave dos fiéis – à semelhança do pórtico do templo judaico), conduzindo-nos dos eventos terrenos em direção a Jerusalém Celeste. Na trajetória em direção ao altar, os enredos seguem a narrativa bíblica, enquanto na direção da cúpula principal, obedecem ao grau de revelação da Divina Providência, à união entre a terra e os Céus.

À medida que ascendemos, o espaço torna-se mais sagrado. A abóbada sob a cúpula simboliza os Céus, frequentemente adornada com o ícone do Salvador. Abaixo, aparecem os anjos e, em seguida, os profetas, seguidos pelos quatro evangelistas. A porção superior da igreja geralmente destina-se a enredos do Novo Testamento, enquanto ícones dos santos e cenas de suas vidas estão mais próximos dos fiéis. No teto do altar, figuram o ícone da Santíssima Mãe de Deus ou de Cristo e, abaixo, a “Última Ceia” ou a “Comunhão dos Apóstolos”.

Esse percurso, da terra ao celestial, mantém-se constante nas igrejas bizantinas ao longo das épocas, apesar das mudanças nos estilos e preferências nos enredos. Em cada local, o olhar do cristão busca eventos instrutivos e exemplos dos santos, fundamentais na jornada para a salvação. Os fiéis frequentemente anseiam por uma representação autêntica e vívida da História Sagrada, por vezes até excessivamente emocional. Contudo, desde o ensinamento mais simples, o sistema de ícones sempre conduz ao mistério da nossa salvação, que é Cristo.

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