A vida feliz em Santo Agostinho

Marcelo Rocha Pereira

Desde os primórdios da civilização, uma pergunta sempre acompanhou o homem. Desde o apogeu da Filosofia grega até os dias atuais, o ser humano tenta esclarecer a seguinte questão: onde encontrar a felicidade? Grandes pensadores tentaram responder essa incógnita. Santo Agostinho (354-430) foi um deles. Destaca-se na sua visão sobre a felicidade a seguinte afirmação: “De fato, a felicidade em si não é grega nem latina, mas os gregos, os latinos e os homens de todas línguas querem alcançá-las”. (AGOSTINHO, 1993, p. 289). 

Para a águia de Hipona, o homem comete um grande erro em colocar a sua atenção em coisas passageiras, já que estão propícias às ações do tempo e acabam por se corromper. Nesta vida, o ser humano sofre com o medo de perder o seu bem precioso e, por este motivo, não consegue atingir a vida feliz. É preciso encontrar um bem que não muda e que não sofre com a ação do tempo, na perspectiva agostiniana esse ponto incorruptível é Deus

Por conseguinte, quem busca o Sumo Bem ainda não é feliz plenamente, mas, é preciso buscar algo para conseguir encontrá-lo, pois é mais feliz quem busca a Deus do que aquele que não está neste caminho. 

Santo Agostinho propõe uma Felicidade da esperança, isto é, nesse estado corpóreo o homem deve viver sobre os ensinamentos do criador, sempre com o pensamento no ápice da alegria eterna. Sua filosofia é clara ao ressaltar a figura do homem sábio, em outras palavras, o ser humano que vive conforme a Suma Medida está no caminho certo. 

Quem possui a sabedoria faz uso dos bens terrenos com muita prudência e sempre tem em mente que pode perder tudo ou morrer. Este sujeito tem convicção de que a sua vida feliz está em algo bem maior do que um simples objeto; isso é possuir a sabedoria. 

Dessa maneira, após levar uma existência reta, sem vícios e apegos, o homem consegue, no final desta peregrinação, atingir a sua felicidade plena ao conseguir contemplar a face de Deus. Nesse estado não existe medo de perder algo, insegurança, dor ou qualquer outra forma de malefício. 

A grande contribuição de Agostinho de Hipona é justamente nos apresentar um caminho para a felicidade, sempre embasado nos princípios cristãos, na vida reta e prudente. Quem seguir essa trilha vai ganhar como premiação nada mais nada menos do que a plena Felicidade. 

Agostinho conclui sua análise inferindo: “Logo, todo aquele que vier à Suma Medida pela Verdade será feliz. E isso é possuir a Deus na alma, gozar de Deus. Quanto às outras coisas criadas, Deus as possui, mas elas não possuem a Deus”. (AGOSTINHO, 1998, p. 156). 

Portanto, podemos concluir que as reflexões sobre a busca da felicidade estarão sempre inquietando o homem. Entretanto, Agostinho de Hipona apresenta considerações contundentes que podem auxiliar-nos a encontrar uma vida feliz. Ela está em Deus. 

Referências: 

AGOSTINHO. Santo. A vida feliz. São Paulo: Edições Paulinas, 1998. _______.Confissões. São Paulo: Paulus, 1993.

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