Conselhos dos Santos Padres sobre a necessidade da oração

“É preciso orar sempre, sem jamais esmorecer”
(Lc 18, 1).

 A oração de um cristão maduro na fé tem duas dimensões: a litúrgica e a pessoal. A oração tem por finalidade render incessante culto a Deus. Jesus Cristo nos ensina a “rezar sempre, sem jamais esmorecer” (Lc 18, 1; cf. 11, 5-8); o santo apóstolo Paulo exorta a orar sem cessar (cf. 1Ts 5, 17). A vida do cristão, iniciando com o santo sacramento do Batismo, quando a pessoa “mergulha” (este é o sentido literal da palavra grega baptidzo) na vida da Santíssima Trindade, ungida pelo Espírito Santo e unida a Cristo na santa Comunhão, torna-se o tempo de louvor, de ação de graças e da glorificação do Criador, e se transforma em “estado de oração”[1], isto é, em uma perpétua prontidão de coração. Esse estado deve ser cultivado pela pessoa todo o tempo: “Ora sem cessar aquele que combina a oração com o trabalho e vice-versa. Somente assim poderemos cumprir o preceito de orar sem cessar”[2]. São Basílio Magno conciliou, nas suas Regras, o trabalho com a oração litúrgica feita sete vezes ao dia, para que, dessa forma, o dia inteiro fosse consagrado a Deus[3].

A oração pessoal ou particular tem sempre uma dimensão eclesial. Diz São Cipriano: “Quando rezamos, rezamos não somente por nós mesmos, mas por todo o povo, pois somos todos um só povo […]. O próprio Cristo, mestre e guia da unidade, deseja que cada um reze por todos, de maneira semelhante como ele, reunindo todos em si mesmo, conduziu-os ao Pai”[4]. Portanto, quem reza em nome de Cristo, sempre reza na Igreja, Corpo de Cristo, e pela Igreja. Todo o cristão quando glorifica a Deus e lhe rende graças, ou quando pede alguma coisa, para si ou para os outros, torna-se porta-voz de seu próximo. A oração assim feita tem como fundamento a comum participação dos cristãos no sacerdócio de Cristo para a santificação do mundo.

[1] João Cassiano: Coletânea, 10, 14.

[2] Orígenes: Sobre a oração, 12.

[3] Cf. Basílio Magno: Regras Extensas, 37, 2-3.

[4] Cf. Cipriano de Cartagena: Sobre a oração do Senhor, 8.

Fonte: Cristo nossa Páscoa: Catecismo da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Tradução: Pe. Soter Schiller, OSBM. Curitiba: Serzegraf, 2014, n. 668-669.

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