A Santíssima Mãe de Deus | A uma só voz e com um só coração com Pe. Paulo Serbai, OSBM

Por último, concluindo, refletiremos sobre a presença silenciosa e humilde  da Santíssima Mãe de Deus na Divina Liturgia. O céu, o Reino é também sua casa. Estamos na casa da Rainha, da Mãe do Rei, da Mãe do Sacerdote Jesus Cristo. Na iconóstase lá está Ela, com seu Filho Jesus nos braços,  apresentando-O a todos e pedindo para que O ouçam e sigam os seus ensinamentos.

Durante a preparação dos dons na Proscomida, após preparar o Cordeiro e ter versado vinho e umas gotas de água no cálice, o sacerdote, tomando em mãos uma partícula, pronuncia: em honra e memória da bem-aventurada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria; pela sua intercessão acolhei, Senhor, esta oferenda no vosso altar celeste. E colocando a partícula à direita do Cordeiro diz: A Soberana sentou-se à vossa direita, envolta em um manto dourado e multicolorido. A Santíssima Mãe de Deus também concelebra conosco, pois ela é a Mãe da Igreja. Rezamos como Igreja, como Corpo Místico de Cristo, então Ela reza conosco.

Concluindo as duas primeiras ectenias o sacerdote reza: Invocando a Santíssima Mãe de Deus, bem-aventurada e gloriosa Senhora nossa e sempre virgem Maria e todos os santos, confiemos mutuamente as nossas vidas ao Cristo Senhor. Invocamos Aquela que gerou o Senhor e por isso tem todo o poder de interceder por nós e pelas nossas necessidades. Na 1ª antífona pedimos: pela intercessão da Mãe de Deus, salvai-nos, Senhor. E sabemos que o pedido da Mãe sempre será atendido pelo Filho.

Um outro momento onde lembramos a Mãe de Deus é nos tropários, especialmente quando celebramos alguma Festa Mariana.

Porém, Maria – a Mãe de Deus, está conosco junto à cruz no momento da Consagração oferecendo ao Pai, em unidade com o seu Filho querido, o Sacrifício perfeito para a remissão dos nossos pecados. Maria, unida a seu Filho Jesus, nos salva! O seu amor por nós, naquela Sexta-Feira Santa, foi divino. Sofreu junto com seu Filho. Era a única, naquele momento, que sabia quem Ele era. E Jesus, igualmente, era o único que sabia quem Maria era! E na Santa Comunhão, recebemos o Corpo e Sangue que Jesus recebeu de Maria. Unindo-nos a Jesus eucarístico, nos unimos à sua Mãe.

Após a Consagração, durante o memorial, o sacerdote entoa em alta voz: Oferecemos especialmente pela santíssima, imaculada, bendita e gloriosa Senhora Nossa, Mãe de Deus, e sempre virgem Maria. Quantos títulos que falam da sua grandeza e santidade! É a Mãe pura, santa, na glória eterna, nossa Mãe. E o povo canta: Na Verdade é justo aclamar-vos bem-aventurada, ó gloriosa e puríssima Mãe de Deus. Nós vos enaltecemos, porque a vossa honra excede à dos querubins e a vossa glória é incomparavelmente maior que a dos serafins. Porque Vós, permanecendo imaculada, gerastes o Verbo e sois verdadeiramente a Mãe de Deus. É a Rainha do céu! Toda a sua honra e glória provem do fato de Ela ser a Mãe de Deus! Sua santidade, pureza, grandeza, virgindade, seu poder de intercessão, tudo porque Ela gerou o Verbo divino, a Palavra Viva, o Nosso Senhor Jesus Cristo. À Ela podemos recorrer, rezar, pedir… podemos cantar, louvar, enaltecer… sendo a Mãe do Redentor e Salvador nosso, Ela pode nos ajudar e vir ao nosso encontro.

Na Divina Liturgia Ela está conosco. Somos seus hóspedes e convidados. Quanta honra poder cantar e louvar Aquela que é a Mãe de Deus e nossa! Com quanto carinho ela nos recebe, deseja que ouçamos com atenção o Evangelho, que conheçamos melhor o seu Filho Jesus Cristo, que sejamos seus discípulos, que vivamos na fidelidade, que sejamos realmente Templos do Espírito Santo. Amar Maria é amar e seguir o seu Filho. Não existe maior expressão de amor pela Mãe do céu do que transfigurar o mundo com a força, graça e santidade recebidas no Sacramento da Eucaristia. A nossa missão é missão de Maria também.  No final da celebração, somos enviados confiando na intercessão e súplicas da Mãe santíssima. O Sacerdote reza: Aplainai o nosso caminho, protegei as nossas vidas, guiai os nossos passos, pela intercessão e súplica da gloriosa Mãe e sempre virgem Maria e de todos os santos. A caminhada, a missão, será uma ação exercida sob o olhar da Mãe.  Sua presença – onde está o Filho a Mãe também está, o seu olhar materno, a sua prontidão para ajudar, nos acompanharão na nossa liturgia da vida. Servindo, amando, sendo pão para os nossos irmãos, nos tornamos motivo de alegria para Aquela que nos quer ver, como filhos amados, caminhando rumo à eternidade.

Concluindo estas reflexões, podemos afirmar que seriam tantos os outros temas possíveis e presentes na celebração da Divina Liturgia. Talvez, assunto para futuras reflexões. Nestes, vemos a beleza e a profundidade inesgotáveis da Divina Liturgia. O Senhor nos surpreende sempre! O Espírito Santo presente em nossos corações, a cada celebração, torna-se um mistagogo que nos leva a conhecimentos novos, a descobrir, sempre e sempre mais, mistérios perceptíveis somente por aqueles que elevam o coração ao alto e, juntamente com os anjos e santos, glorificam o Senhor da glória. A beleza da liturgia preenche a alma na medida em que soubermos estar dignos, belos, à altura do momento e lugar. E quem sentiu a alegria de estar no Reino celeste sempre desejará para ele voltar a fim de beber desta fonte de paz e alegria divinas.  Que o Senhor seja glorificado por nos fazer participantes do banquete celeste, onde e quando já degustamos da vida futura, preparada para todos aqueles que o Senhor ama.

Pe. Paulo Serbai, OSBM
Mestre em Ciências Eclesiásticas Orientais

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