O Sacerdote Eterno | A uma só voz e com um só coração com Pe. Paulo Serbai, OSBM

Refletindo sobre o tema da Igreja, já nos certificamos de que a nossa Oração Litúrgica é Cristo. Ele reza, glorifica o Pai, oferece o Sacrifício pela remissão dos nossos pecados. É o Cabeça, sem Ele a Oração não existiria. Com Ele é perfeita, viva e agradável a Deus.

Na nossa história cristã e humana, conhecemos tantos sacerdotes! Uns mais simpáticos, amigos, inteligentes, outros menos. Alguns achamos mais capacitados, dinâmicos… jovens, divertidos. Na celebração da Divina Liturgia isto pouco conta! Não importa quem o padre é, que relação temos com ele, como o vemos… é Cristo Sacerdote que celebra! Por isso a celebração chama-se Divina, do céu, do Reino de Deus… é celebrada no Altar celeste, para onde somos convidados a elevar os nossos corações. É lá que está o único Sacerdote Jesus Cristo. Ressuscitado, com o corpo glorificado, com os sinais nas mãos, pés e costado… Ele está lá, no céu. Foi Ele quem morreu por nós na cruz, ofereceu o sacrifício eterno ao Pai, por isso é chamado de Sacerdote Eterno, segundo a ordem de Melquisedec.  Todos os outros sacerdotes participam do Sacerdócio de Cristo. São como os raios que partem do mesmo sol participando da força redentora e iluminadora. É claro que, quanto mais o sacerdote estiver unido a Cristo, na graça, santo, na intimidade… mais ele será o canal da graça, mais fielmente e conscientemente agirá na pessoa de Cristo. Quanto mais preparado, espiritual, tanto mais configurado com o coração de Cristo.

Passando por este mundo e cumprindo o plano da salvação, Cristo reservou para si duas ações sacerdotais: a consagração do pão e do vinho e o perdão dos pecados. E as duas ações acontecem na cruz. E acontecem diante dos nossos olhos, somos testemunhas… estamos lá! Realmente nos encontramos com Deus. A alegria que surge após a confissão, após o perdão, é divina, real, verdadeira, contagiante! Igualmente a paz e a vida plena após a comunhão com o Corpo e o Sangue de Cristo Ressuscitado, é real, divina e verdadeira. “… porque sois Aquele que oferece e Aquele que é oferecido, Aquele que recebe os dons e Aquele que é dado como dom, Cristo Deus nosso…”, reza o sacerdote no final da oração durante o Hino dos Querubins. É o Sacerdote Jesus Cristo que age pessoalmente na Divina Liturgia.

Com o Sacramento do Batismo, todos os cristãos passam a participar da tríplice missão de Cristo: n’Ele, todos somos sacerdotes, reis e profetas. Todos nós, primeiro como Igreja, mas também como sacerdotes, concelebramos. Durante a Divina Liturgia, os fieis 19 vezes respondem Amém. Como isso é profundo! É uma maneira concreta de exercer o sacerdócio cristão! Sem este Amém a oração seria incompleta. Rezando ou cantando Amém os fiéis presentes aprovam o que o sacerdote rezou. É o mesmo que dizer: sim, é isso mesmo, aprovamos, estamos de acordo… Os sacerdotes ordenados fazem as vezes do Sacerdote Jesus Cristo e todos os fiéis concelebram como participantes do sacerdócio universal dos cristãos. Como isso é importante! Todos participam ativamente na celebração litúrgica. Não são plateia, espectadores… mas agentes que fazem acontecer a celebração eucarística.

Antes da comunhão, o sacerdote reza: “… Vós que estais no céu junto ao Pai e estais também, de modo invisível, presente no meio de nós, dai-nos com a vossa poderosa mão o vosso puríssimo Corpo e o vosso preciosíssimo Sangue e, pelas nossas mãos, dai-os a todo o povo”. O Único Sacerdote Jesus Cristo se faz presente e é oferecido, pelas mãos do sacerdote, a todos os fiéis. O recebemos Ressuscitado! O mesmo que ressurgiu do túmulo na manhã de Páscoa. Não existem dois cristos: um no céu e outro que vem até nós. É o mesmo! Ele vem até nós assim como se manifestou a Maria Madalena e aos Apóstolos. É Páscoa! É Ressurreição! É Vida Nova! É Paz! Em toda Divina Liturgia O vemos e O recebemos!

Como é importante ter consciência disso! Pergunto: como uma Divina Liturgia pode tornar-se insípida, sem graça, sem sabor, sem vida? Cristo não falha, não engana! Somos nós que não participamos por isso não vivemos, não vibramos, não deixamos nos envolver, santificar, iluminar.  Vimos a verdadeira luz, o Ressuscitado nos encontrou, recebemos o Rei e voltamos para a casa na escuridão, sem graça, sem vida. O quanto precisamos crescer para realmente nos encontrar com o Ressuscitado e testemunhar ao mundo: nós vimos o Senhor! Este foi o anúncio dos Apóstolos e deve ser também o nosso.

Pe. Paulo Serbai, OSBM
Mestre em Ciências Eclesiásticas Orientais

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