A Tradição dos Santos Padres da Igreja

A pregação do Evangelho pelos apóstolos teve continuidade nos Padres da Igreja. Os primeiros deles foram discípulos dos apóstolos: santo hieromártir Clemente Papa, Santo Inácio de Antioquia e São Policarpo de Esmirna. Sua doutrina e testemunho de fé foi recebida dos apóstolos de Cristo; por isso goza de especial respeito na comunidade cristã.

A Igreja dá o nome de Santos Padres, e os reconhece como tais, àqueles que difundiram o Evangelho pela veracidade de sua doutrina e pela santidade de vida. Eles anunciavam a Boa Nova pelo poder do Espírito Santo, o Espírito da verdade, tornando-se para a Igreja“pais da fé”, assemelhando-se ao apóstolo Paulo, que disse: “Ainda que tivésseis dez mil pedagogos em Cristo, não teríeis muitos pais, pois fui eu quem pelo Evangelho vos gerou em Cristo Jesus” (1Cor 4, 15-16).

Os santos Padres da Igreja tornaram-se testemunhas da Tradição apostólica, vigiando pela sua pureza e confirmando com ela a sua doutrina teológica. Em Cristo Jesus está a plenitude da Revelação divina; no entanto, a Igreja, no decorrer da história, vai progressivamente desvelando a sua profundidade. Os Padres da Igreja, em suas pregações e explicações, aprofundavam a compreensão da Tradição Apostólica e a professavam em comunhão de fé. Sua herança é parte inseparável da Sagrada Tradição. No decorrer do ano litúrgico, a Igreja celebra a memória dos santos Padres que, nos Concílios Ecumênicos, definiram aquilo que a Igreja crê unânime, sempre e em toda a parte[1]

O pensamento consensual dos Padres definia o conteúdo da fé e, graças a isso, essa fé foi professada indefectivelmente e na plenitude de sua verdade através dos séculos. As definições de fé, levadas a termo pelos Concílios Ecumênicos, receberam o nome de dogmas e se tornaram doutrina infalível da Igreja. Por meio dos dogmas, os Padres definiam a verdadeira fé no tocante aos mistérios divinos, defendendo a Tradição de interpretações errôneas. A transmissão da fé se prolonga até hoje pelo ministério dos bispos, sucessores dos apóstolos. Esse ministério nós o chamamos de Magistério da Igreja, quando os bispos transmitem aquilo que receberam dos apóstolos de forma unânime, em toda a parte e sempre.

As definições dogmáticas da fé dos Concílios apoiavam-se no consenso dos Padres (em latim, consensus Patrum). Contribuíram para o pensamento consensual da Igreja os santos Atanásio de Alexandria, Basílio Magno, Gregório o Teólogo, Gregório de Nissa, Agostinho, Leão Magno, Cirilo de Alexandria, Gregório Magno, Máximo Confessor, João Damasceno e outros.

[1] Cf. Vincentius Lirinensis, Commonitorium Primum, II.

Fonte: Cristo nossa Páscoa: Catecismo da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Tradução: Pe. Soter Schiller, OSBM. Curitiba: Serzegraf, 2014, n. 55-59.

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