Cristo e a instituição da Divina Liturgia

O primeiro e o mais importante ensinamento da fé relativo a Divina Liturgia é que ela é de instituição divina. Não foi instituída por um homem nem pela Igreja nem pelos Apóstolos, mas pelo próprio Jesus Cristo. Isto pode ser determinado a partir dos Evangelhos e a partir das cartas de São Paulo em que se lê que, na véspera da Páscoa Judaica, Cristo, pouco antes de Sua paixão e morte na cruz, sentou-se com Seus Apóstolos pela última vez na Última Ceia. Lê-se como Jesus tomou o pão, abençoou e o partiu, deu-o aos Seus discípulos, e disse, “Tomai e comei, isto é o meu corpo.” (Mt 26:26) Então Cristo adicionou estas memoráveis palavras, “Fazei isto em minha memória.” (Lc 22:19).

Com essas palavras Cristo estabeleceu a Divina Liturgia que Ele deu aos Apóstolos e à Igreja com comando expresso que seja oferecida em Sua memória. A Divina Liturgia, portanto, foi a última vontade e o testamento do Senhor. Ele deixou à Igreja uma herança inestimável, para na Divina Liturgia se ter o próprio Senhor, Seu mais sagrado Corpo e Sangue. Isto é porquê os cristãos consideram a Divina Liturgia como, depois do próprio Cristo, seu tesouro mais valioso.

O motivo subjacente ao estabelecimento ou instituição da Divina Liturgia foi o desejo de Cristo de permanecer com o homem aqui na terra até o fim dos tempos e de deixar à humanidade um memorial da redenção. Os faraós egípcios deixaram memoriais duradouros em suas pirâmides. Poetas, escritores, estudiosos, artistas e músicos se imortalizaram por criarem obras-primas. Mas cada um desses notáveis memoriais é insignificante quando comparados com a Divina Liturgia em que Cristo perpetua a memória de Sua redenção. Este meio de perpetuação poderia ter resultado apenas da sabedoria, onipotência e amor de Deus. Ao instituir a Divina Liturgia, Cristo mostrou que “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.” (Jo 13:1) A Divina Liturgia devia lembrar o homem constantemente o que Cristo fez por sua salvação e de Seu infinito e misterioso amor pela humanidade.

Fonte: SOLOVIY, Meletius M. Divina Liturgia: historia – evolutio – commentarium. Romae: PP. Basiliani, 1964. (Analecta OSBM).

Pe. Meletius M. Soloviy, OSBM
(1918-1984) Doutor em Ciências Teológicas Orientais, Escritor, Historiador, Liturgista e Professor.

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