Grupo de Estudos Marko Ivan Rupnik finaliza primeiro ciclo

Felipe S. Koller,
Professor da Especialização em
Arquitetura e Arte Sacra do Espaço Litúrgico da FASBAM

A impossibilidade de realizar cursos presenciais impulsionou o desenvolvimento de iniciativas online — e, com isso, pudemos nos enriquecer com a interação entre pessoas de diversas regiões do Brasil. Foi nesse contexto que teve início o Grupo de Estudos Marko Ivan Rupnik, realizado em parceria com a FASBAM. O primeiro ciclo de estudos do grupo reuniu 21 estudantes de oito estados: Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Pará e Alagoas.

Teólogo, artista plástico e presbítero jesuíta, Marko Ivan Rupnik é o diretor do Centro Aletti, em Roma, um centro cultural voltado para o estudo da identidade cristã na contemporaneidade, a partir de uma reaproximação entre a tradição oriental e a ocidental do cristianismo e de uma visão orgânica que não separe o vivido do pensado. Sua obra teológica abarca sobretudo os campos da espiritualidade, da antropologia teológica e da liturgia. Já as suas mais de 200 obras em mosaico estão presentes em todos os continentes e fazem dele um dos principais nomes da arte sacra na atualidade.

Participei dos dois últimos Encontros Nacionais de Arquitetura e Arte Sacra, promovidos pela CNBB, em 2017 (Curitiba) e 2019 (Castanhal), que contaram com a presença de Rupnik e, desde 2018, estudo a obra do jesuíta em meu doutorado em Teologia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Com isso, surgiu a ideia de reunir pessoas interessadas em se aprofundar em uma proposta de visão da identidade cristã que contribua com a experiência de crer e de viver, como é a de Rupnik.

Nesse primeiro ciclo, que foi composto por seis encontros entre os meses de maio e julho, o grupo se debruçou sobre noções apresentadas por Rupnik nos livros “Segundo o Espírito: a teologia espiritual em caminho com a Igreja do Papa Francisco” e “A arte como expressão da vida litúrgica” e realizou um tour virtual pela Capela Redemptoris Mater, no Palácio Apostólico, no Vaticano.

Para mim, foi uma alegria poder compartilhar com um grupo tão rico a perspectiva teológica de Rupnik. Os comentários de alguns dos participantes representam bem o que essa experiência significou para todos nós:

Por ser arquiteta é natural reconhecer o valor do curso no que se refere à discussão de questões espaciais, artísticas e simbólicas do espaço litúrgico, dando chaves para a compreensão dessas questões sob o ponto de vista de Rupnik. Mas acredito que o alcance de um grupo como esse ultrapassa as questões práticas de uma contribuição profissional, os estudos tendem a nos enriquecer enquanto pessoa, e assim contribuem em todas as esferas de nossas vidas.

– Letícia Falasqui, arquiteta, de Indaiatuba (SP)

Só gratidão. Os estudos confirmaram que a arte visual é forma inteligente de evangelizar, para além do enquadramento tacanho de que as pinturas serviam para “ensinar analfabetos”.

– Olga Blachechen, psicóloga e iconógrafa, de Curitiba (PR)

Inicialmente, acreditava que somente iríamos falar sobre a arte desenvolvida por Rupnik, mas, como bem vimos, é quase impossível fazer essa separação. Arte e teologia andam juntas, se complementam. Foi um ciclo que surpreendeu tanto pela profundidade dos textos, quanto pelas explanações.

– Joel José Schvambach, estudante de Teologia e seminarista da Arquidiocese de Florianópolis (SC)

As reflexões do grupo me fizeram pensar bastante sobre como estou exercendo a minha profissão, como estou vivendo em comunidade, quem eu estou sendo para os outros. Confesso que ainda estou ruminando tudo. Mas já percebo que algo mudou, pelo menos, na minha maneira de olhar o outro. Sinto que dei um passo importante na minha vida espiritual.

– Lorena Maria Lafraia Formenton, jornalista, de Curitiba (PR)

Conhecia as obras escolhidas no curso e também outras de Rupnik, mas ter a oportunidade de aprofundar, identificar a centralidade e daí suas veredas foi, além de um novo conhecimento, uma chave de leitura para mim como irmão leigo franciscano (o que sou), como formador na Ordem e como coordenador de pastoral diocesano (o que faço). A teologia de Rupnik é uma teologia da vida e conhecê-la foi para mim um convite a fazer da formação e da pastoral, vida – vida comunional, relacional, dom, para além de planos e estratégias. Estou repensando a iniciação cristã, a eclesialidade amazônica e tantas outras coisas à luz do que o pensamento dele provoca. Além disso, no âmbito acadêmico, onde estudo a Teologia Latino-Americana da Libertação, fazer dialogar, concordar e discordar essas duas teologias da vida tem sido um bom exercício de aprendizado.

– Victor Paiva, professor de História, estudante de Teologia e coordenador de pastoral da Diocese de Castanhal (PA)

Inspirador! Regou a semente que eu já cultivava e que precisa de constante adubação! Aguardava animada os encontros. Quanto mais se conhece, mais sedentos ficamos! Que venha o próximo!

– Carolina Burbello Zilioto, arquiteta, de Curitiba (PR)

Resposta e convite para um despojamento e abertura à uma nova maneira de enxergar a vida, as pessoas, e, principalmente, eu mesma. Enfim, tudo o que vimos eu transformei em oração, que passou a me transformar, e já estou recebendo muitos benefícios concretos em várias áreas da minha vida. Palavras são limitadas demais para expressar o que se passa íntimo, principalmente quando queremos falar da ação de Deus que nos tocou e nos fez crescer um pouco mais. Depois desse curso posso dizer que me sinto um pouco mais livre para ser verdadeira filha de Deus. 

– Virgínia Aparecida dos Santos, consagrada da Comunidade da Trindade, em Monte Sião (MG)

Entendi que através do meu trabalho eu também posso evangelizar e passei a encontrar, de maneira mais visível, a mão de Deus conduzindo o que faço, pois não sou eu, mas Ele que age em mim. Hoje tenho uma melhor compreensão da vida em comunhão. Esta transformação tem afetado meu dia a dia no trabalho, na família e entre amigos.

– Janete Barros, arquiteta, de Arapiraca (AL)

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