Estações – Via Sacra

Estações – Via-sacra

Por Prof. Me. Thiago Onofre Maia

Jesus Cristo é condenado
À morte, sendo inocente.
É a injustiça pungente
Agravante do pecado.
Já da noite está cansado,
Suporta as provocações,
E o peso das agressões,
Dos insultos, cusparada:
A hora triste é chegada,
Morre em nossas más ações.

Deus-Homem, quem acredita?
Leve nos ombros a Cruz,
Sua figura reluz
A salvação infinita!
A sua História é escrita
Na história da humanidade.
Homem Deus, por piedade,
Em nosso socorro vem,
Seu sofrimento é também
Sacrifício de bondade!

Cai pela primeira vez
Com o peso do madeiro,
Deus e Homem verdadeiro
Por Quem o mundo se fez.
Momento de dor, talvez
Somente ele suporta.
Esta é a chave da porta
Acesso do paraíso,
Amor imenso, indiviso
Que somente Deus comporta.

Vê a Mãe triste, chorosa,
Também ela sofre tanto,
Porque o divino pranto
Desta face lacrimosa,
É expressão piedosa,
Da Santíssima Mãe de Deus,
E nos sofrimentos seus
Sofre toda a humanidade,
Que segue com piedade,
A Cristo Rei dos judeus!

Vê-se Simão Cireneu
Que vem para ajudar
É forçado a carregar
A Cruz que o acaso lhe deu.
Esse ignoto sofreu,
Participando da dor
Do Divino Redentor,
Como parte do pecado,
Em Simão representado,
Nessa cena de horror!

Verônica vem enxugar
O sangue e a água santa
Desse rosto que suplanta
A morte tão singular…
Nele depois quem olhar
Dois luzeiros há de ver,
Como raios a descer
Clareando à Criação,
Luz em toda escuridão
Que na vida possa haver.

Cai de novo o Redentor
Com a Cruz a carregar,
Sob o peso secular
Do humano pecador.
A maior prova de amor
Está ali, rente ao chão.
Nunca se entende a razão
De um Deus por nós sofrer,
Ser humilhado e morrer
Para a nossa salvação…

Consola Jesus sofrente
As filhas desta cidade,
Em que toda a santidade
Deveria estar presente.
Jerusalém olha e sente
O que está passando agora:
Jesus Cristo desde a aurora
Em ti e por ti padece,
Um dia por ti fez prece,
Não te lembras de outrora?

Terceira vez Jesus cai
Com o peso redobrado,
O corpo desfigurado,
Mas segue a via que sai
Da cidade, depois vai
Rumo ao monte Calvário,
Onde terá o cenário
De dor e de sofrimento.
Será, por fim, o Momento
E o mundo é destinatário.

Despojado dos vestidos,
Outra vez é humilhado,
Já muito desfigurado,
E os aspectos contidos,
Corpo e alma abatidos
Do sofrimento atroz.
A chibatada do algoz
Só não dói no pecador,
Mas fere o Divino Amor,
De quem não se ouviu a voz.

Jesus é na Cruz pregado,
Oh cena terrível, dura!
Como pode a criatura,
Manchada pelo pecado,
Não ver quem é o culpado?
E culpa e julga o Amor
Do Divino Criador?
Expressa a real essência
De Quem é a existência:
Cristo nosso Redentor!

Na Cruz morre Jesus Cristo
Filho de Deus, o Senhor,
No sacrifício o penhor,
Conforme fora previsto,
Na Escritura o registo,
À humana salvação…
Divina voz e ação
Agora está cumprida:
A plenitude da vida
Nasce deste fértil chão.

Jesus da Cruz é descido
E Sua Mãe o recebe;
A natureza percebe
O que foi acontecido.
Contrito e arrependido
Até o carrasco sente.
Sabe que um inocente
Morto foi sem merecer.
Oh que profunda tristeza
Chora a própria natureza
Ao ver Deus-Homem morrer!

No sepulcro o Corpo é posto,
E a Mãe, com esperança,
Tem de Deus a confiança,
E naquele angélico rosto
Mostra o ânimo disposto
De que no Terceiro Dia,
A mais bela profecia
Que deste momento fala:
Não silencia nem cala,
Ressurge: é nossa alegria!

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