Bem-aventurado Vitaliy Bairak, OSBM | Série sobre os Mártires Basilianos

Na aldeia de Hadynkívtsi, no distrito de Husiatyn, junto a igre­ja, há uma grande cruz que lembra a primeira missão do Padre Vitaliy Bairak, na região de Ternopil. Em sua aldeia natal, Chvaikítsi, ainda hoje encontra-se em um muro a seguinte inscrição: “Cristãos! Rezem pela alma do monge e missionário Vitaliy Bairak que, mesmo sendo inocente, foi brutalmente torturado no cárcere de Drohobych.”

Volodymyr Bairak nasceu no dia 24 de fevereiro de 1907. Sua família era profundamente religiosa, portanto não surpreende que desde pequeno ele mostrou  um  tenro amor pelas coisas de Deus e em seguida, tenha decidido dedicar a Ele toda sua vida. Em 1922 ele entrou no ginásio, onde se revelou aluno exemplar e dedicado na organização de serviços comunitários.

Entrou na Ordem de São Basílio Magno no dia 4 de setembro de 1924. Quando vestiu o hábito monástico, no dia 9 de maio de 1926, recebeu o nome de Vitaliy. Depois do noviciado continuou a sua formação espiritual e intelectual nos mosteiros de Lavriv, Dobromyl e Krystonopil (Tchervonohrad). No dia 26 de fevereiro de 1933, fez a sua profissão solene. Foi ordenado sacerdote no mosteiro basiliano de Zhovkva, no dia 03 de agosto de 1933. Padre Vitaliy celebrou a primeira Divina Liturgia em sua aldeia natal. Foi grande a alegria de seus pais, Basílio e Anna, de seus familiares e de toda comunidade ver um dos filhos da aldeia celebrar a Eucaristia na sua igreja paroquial juntamente com outros sacerdotes basilianos. Contudo, ninguém sequer pensava que aquele jovem sacerdote, alguns anos depois, seria um mártir da Igreja.

Em Zhovkva, o Padre Vitaliy completava seus estudos e, ao mes­mo tempo, se dedicava à pastoral na paróquia do Sagrado Cora­ção de Jesus. Depois de ser nomeado assistente do Padre Superior, tornou-se responsável pela Congregação Mariana dos jovens e do Apostolado da Oração.

O jovem religioso dedicava-se totalmente e com empenho à oração e ao trabalho. Não obstante tantas ocupações, ele ainda pregava missões e retiros em vários lugares da Ucrânia oci­dental. Seus sermões eram ardentes e convincentes.

Em junho de 1941, Padre Vitaliy foi designado pelos superiores a substituir os padres Iakym Senkivskyi e Severian Baranyk, martirizados recentemente.

Na função de hegúmeno do mosteiro de Drohobych, ele continuou suas atividades pastorais e de orientador das mesmas associações com as quais trabalhava em Zhovkva. Ele sabia transmitir aos fieis o seu amor contagiante à Igreja e ao próximo. O povo o amava pela sua simplicidade, pelo exemplo de vida e principalmente pelo seu carisma de saber ouvir, aconselhar, instruir e dar o devido apoio àqueles que precisavam de ajuda.

Mas o seu trabalho não passou despercebido ao olho atento KGB. Já no dia 17 de setembro de 1945 o Padre Vitaliy foi preso e acusado de um crime que, segundo os comunistas, ele teria cometido alguns anos antes. Quando estava no território ocupado pelas tropas alemãs, no ano de 1941, Padre Vitaliy celebrou algumas funções religiosas na aldeia de Turynka na sepultura dos soldados ucranianos (УГА) que tinham combatido contra os soviéticos e, naquela ocasião, proferiu um sermão anti-soviético. Foi acusado também de escrever um artigo, “cheio de falsidades” contra o partido comunista, publicado no jornal, dirigido pela Ordem Basiliana, Missionar, em 1942.

O tribunal militar da região de Drohobych condenou-o a 8 anos de detenção em campos de trabalhos corretivos. Ao mesmo tem­po, as propriedades da Ordem foram confiscadas. Foi levado para o cárcere de Bryguidky, em Drohobych. Segundo seus acusadores, era culpa­do de fazer propaganda para enfraquecer e desmoralizar o poder sovi­é­tico e cometer alguns crimes contra-revolucionários, como o de perturbar a ordem pública e difundir superstições populares e religio­sas. Estas foram as acusações pelas quais foi preso, processado, julga­do culpado e condenado.

Como resposta a estas acusações absurdas, – mesmo que isto nem fosse preciso, – temos hoje um documento de reabilitação, publi­cado pelo departamento de serviço de segurança ucraniano, aos 30 de janeiro de 2001. Esta decla­ração confirma que as acusações contra ele eram falsas e, portanto, ele não era culpado.

A notícia inesperada de sua morte veio ao conhecimento de todos na vigília da Páscoa de 1946. Foi o senhor Vassylenko, da aldeia de Haí, na região de Lviv, a trazer a notícia da sua morte. Naquele dia ele foi à prisão entregar ao Padre Vitaliy alimentos bentos na Páscoa e o pão para a celebração da Eucaristia. Estas foram as palavras que ele disse a Ólia Kociuba: “O nosso padre está morto. Foi es­pancado a tal ponto que foi levado à cela, estendido num lençol.” O hieromonge Vitaliy Bairak foi sepultado no interior da prisão, onde entregou sua vida a Deus. O seu testemunho corajoso foi coroado de glória e o seu povo não vai esquecê-lo jamais.

A Igreja Católica celebra a memória do bem-aventurado mártir Vitaliy Volodymyr Bayrak no dia 27 de junho juntamente com outros confessores e mártires beatificados em 27 de junho 2001, pelo Santo Padre João Paulo II, em Lviv.

Referência:

MATTEI, Giampaolo. L’Osservatore Romano. Ucrânia terra de mártires. Coluna dirigida por Mario Agnes.

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