O Conceito de Bem segundo Platão

Platão (427 a.C. – 347 a.C.), de Atenas, na Grécia, foi um dos maiores pensadores da filosofia e grande influenciador do pensamento ocidental até os dias hodiernos. Discípulo de Sócrates e mestre de Aristóteles, escreveu uma obra chamada A República, que teve o intuito de demonstrar uma reflexão acerca da relação do homem com a pólis, a partir de um diálogo de Sócrates (personagem) e alguns discípulos: a questão da justiça, os temas das virtudes a serem conquistadas pelo homem, a importância do filósofo na mesma, o mundo das ideias, o destino do homem, etc. É nessa obra, e mais especificamente no seu livro VI, que se encontra um ponto de vista sobre o Bem, tema este que por muitos ainda é muito discutido e analisado: seria de fato uma abstração pura e apenas intelegível? Qual a sua origem e natureza? Como se alcança? Para tanto, Platão, de sua forma idealista responde o que é tal objeto.

O Bem, filosoficamente falando, foi durante toda a história da filosofia enquadrado ou em uma Teoria Metafísica ou em uma Teoria Subjetivista, a primeira trata o Bem como a realidade perfeita e suprema do ser enquanto ser; e a segunda trata o termo como aquilo que simplesmente é desejado por todos ou aquilo que é agradável. A teoria platônica do Bem, pois, enquadra-se na teoria metafísica do termo, justamente pelo fato de que Platão associa o Bem realmente como fundamento último das ideias; para ele, as ideias e a capacidade de conhecê-las, assim como elas são, provém do Bem.

Para explicar essa sua ideia, o filósofo, por meio de um diálogo de Sócrates com seus discípulos Glauco e Adimanto, no livro VI de A República, começa afirmando que somente um filósofo poderia governar uma pólis grega, pois só ele seria capaz de contemplar a essência de todas as causas, entre elas a justiça e a verdade, as consideradas mais importantes para o governo de uma cidade; contudo, o autor acrescenta que o que seria mais importante para o filósofo contemplar seria o Bem em si, porque, assim, suas ações só seriam boas. Os discípulos ficam sedentos em descobrir a ideia do Bem, então Sócrates lhes explica não o Bem em si, mas fala-lhes sobre o fruto do mesmo, associando-o com o Sol, pois, assim como o sol dá, no mundo sensível, a capacidade de ver as coisas sensíveis e de fazer crescer os entes terrenos, o Bem dá, no mundo inteligível, a capacidade de compreender a essência de todas as coisas e de gerar as ideias de tudo o que é.

Portanto, segundo Platão o Bem é demonstrado como a ideia mais importante de todas, mas ao mesmo tempo também está acima delas, porque as gera; assim o sendo, não pode defini-lo, mas contemplá-lo, papel exclusivo e indispensável do filósofo-rei. O bem é criador de tudo aquilo que é, todavia não se pode confundi-lo com o Demiurgo, modelador do mundo, segundo Platão, outro tema que em um outro possível artigo pode ser tratado.

A partir disso, é possível destacar, ainda, que mesmo atribuindo um caráter ontológico à definição do Bem, Platão dá margens a conclusões de que o Bem, além de ser o agente gerador da inteligibilidade, também é algo que se é desejado. Nesse sentido, o Bem, segundo a teoria platônica também possui um caráter subjetivista.

Autor: Guilherme Costa Fernandes, estudante do 3º ano do Curso de Filosofia.

11 thoughts on “O Conceito de Bem segundo Platão

  1. beleza says:

    Muito interessante a sua visão,o olhar de sua alma no bem em si, e devem usá-lo como um paradigma para a ordenação reta da Pólis, dos cidadãos e de si mesmos para o resto de suas vidas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo