A ideia geral de virtude para Aristóteles no Livro I da Ética a Nicômaco

Na atualidade, falar de virtude pode aparentar uma linguagem mais eclesial e gerar comentários, de primeira instância, que isso se trata de “coisa de Igreja”. Realmente não podemos negar que esse tema está presente na Igreja, mas não podemos reduzi-lo a apenas uma instituição. Mas afinal esse tema pertence a alguma instituição? Não só a uma instituição, mas sim a toda humanidade. A virtude está presente em todos os momentos da nossa vida, se não dentro de nós, dentro de outras pessoas que convivemos e conversamos.

Mesmo sendo um tema tão presente no nosso cotidiano, abordar esse tema na Ética a Nicômaco Livro I escrito há muitos anos pode parecer coisa estranha ou desnecessária. Mas felizmente é muito pelo contrário que isso acontece. O tema virtude não é uma coisa inventada ou criada por algum loco que não tinha o que fazer. Discutir aquilo que está dentro de nós e dentro da nossa espécie é parte integrante e fundamental de toda a filosofia.

Por incrível que pareça, Aristóteles não aborda com muitas características em seu primeiro livro questões específicas a virtude, mas sim aborda questões muito relacionadas a esse tema que nos ajudarão a olhar a virtude com outros olhos.

No Livro da Ética a Nicômaco, Aristóteles vai percorrendo o mundo do “espanto” e das investigações do próprio ser, começando pela ideia de que todas as coisas tendem ao bem, ou seja, tudo aquilo que fazemos está direcionado a um bem, universal (para todos) ou particular (só para mim).

No decorrer do texto Aristóteles coloca o bem com uma divisão clara, que existem, no caso, coisas boas em si mesmas e existem coisas úteis. O bem, contudo, não é um elemento genérico ou comum que corresponde a uma ideia geral. O bem é analisado em cada contexto em que está escrito. Sabemos de antemão que um médico não cuida daqueles que já estão curados, mas sim daqueles que precisam ser curados de suas doenças, por isso, Aristóteles para exemplificar essa questão do bem traz o exemplo da medicina, cujo bem é a saúde, ou seja, a finalidade da medicina ou de um médico é trazer a saúde para um paciente, para uma pessoa em particular e não para algo geral. E para alcançar essa finalidade, o médico faz estudos, especializações, pede exames, realiza cirurgias nos pacientes, tudo isso para alcançar esse bem.

Deste modo, podemos identificar a virtude como aquilo que o homem faz de melhor, ou digamos, faz “bem”. Como um flautista, que se torna virtuoso, quando ele executa músicas com muito controle, com muito conhecimento do instrumento, com uma finalidade que é o “bem” da música ou da própria flauta.

No final do Livro I, Aristóteles divide a virtude em virtudes intelectuais e morais. Como virtudes intelectuais temos a sabedoria filosófica, a compreensão, a sabedoria prática, ou seja, sabedorias essas que exigem um conhecimento racional de assuntos abordados e debatidos pelo ser humano, como a sabedoria filosófica que é argumentativa e busca uma série de respostas muitas vezes, e talvez todas, de maneira racional.

Já em relação à segunda divisão da virtude, temos a liberalidade e a temperança, ou seja, são de caráter morais e que podem variar diferente da primeira, que são racionais e que são adquiridas de maneira geral e genérica.

Observando todos esses conceitos podemos dizer que a virtude não possui um simples significado, mas pode ser entendida como aquilo que o homem faz de melhor e pela qualidade que o homem busca ser feliz. Falar sobre virtude nos leva a discutir sobre felicidade, sobre o bem e o mal, o certo e o errado.

Com isso fica aqui a reflexão e o desejo de que possamos cada vez mais refletir sobre filosofia e buscar a verdade!

Autor: Pedro Henrique Mocelin, estudante do 2º ano do Curso de Filosofia.

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