As Igrejas Orientais no espaço e no tempo

O cristão ocidental fica surpreso, a princípio, com a multiplicidade de Igrejas Orientais, cada uma com sua própria liturgia, e ainda mais pelas interferências que surgem entre várias dessas Igrejas no mesmo território. Não existem três patriarcas católicos titulares da sede de Antioquia (Greco-melquita, Sírio, Maronita) e dois patriarcados dissidentes (Greco-Ortodoxo, Sírio-Jacobita), sem mencionar um título, puramente honorífico, de rito latino? E em qualquer grande cidade do Oriente, como Cairo ou Aleppo, pode-se contar uma dezena de bispos de diferentes ritos, embora os cristãos sejam uma minoria dentro da população.
 
Por isso, parece indispensável, antes de apresentar as liturgias orientais, percorrer rapidamente a história para compreender as origens e as razões profundas da situação presente. Ao longo dos três primeiros séculos, as comunidades cristãs se organizavam como constelações, reconhecendo um papel preponderante às grandes sedes apostólicas de Roma e Alexandria, que eram igualmente as cidades mais importantes do Império Romano e o centro das grandes circunscrições administrativas.
 
Essa dupla perspectiva terá graves consequências no futuro. Enquanto a tradição romana aceitará apenas o primado das Igrejas apostólicas, os Orientais darão importância política às cidades, e os concílios nos quais foram majoritários reconheceram o segundo lugar à sede de Constantinopla, a Nova Roma, um reconhecimento tão tardio (cânon n. 28 do Concílio de Calcedônia, que o Papa São Leão recusou ratificar). A sede de Jerusalém, que também adquire o status de patriarcado após o Concílio de Calcedônia, nunca desfrutará, por esse título, de importância eclesiástica. Em compensação, a irradiação espiritual da Cidade Santa, grande centro de peregrinação e vida monástica, estenderá sua influência litúrgica até muito longe.
 
Fora das fronteiras do Império Romano, as Igrejas da Mesopotâmia (Caldeia), que o bispo de Selêucia-Ctesifonte, Papa bar Addai, havia tentado federar sob sua autoridade no início do século IV, se reorganizaram no seio do Império Persa Sassânida após as violentas perseguições de Sapor II (Concílio de Selêucia, 410). Em 242, proclamaram sua própria autonomia em relação ao Patriarcado de Antioquia e à autoridade eclesiástica do mundo romano, mas afirmaram ao mesmo tempo sua comunhão com a fé de Niceia. Essa separação, inicialmente apenas administrativa, se transformará gradualmente em cisma, isolando o Patriarcado de Selêucia-Ctesifonte do restante da cristandade (Concílio de Beth-Lapat, 484). O mesmo fenômeno ocorreu na Igreja Armênia. Uma região evangelizada por missionários vindos de regiões orientais de língua siríaca e outros com São Gregório, o Iluminador, da Ásia helenizada, e dividida entre o Império Romano e o Persa, tinha uma profunda consciência de sua unidade e originalidade. Em 390, o Katholikos Sahak, o Grande, filho de Nerse, rompeu os últimos laços de dependência que o ligavam à Igreja-mãe de Cesareia na Capadócia. Ele encarregou uma comissão liderada pelo monge Masrob, inventor do alfabeto armênio, de traduzir as Sagradas Escrituras e os grandes escritos patrísticos. Durante uma missão encarregada de coletar textos sírios, Joseph e Eznik tiveram a oportunidade de conhecer, sem dúvida em Edessa, os ritos litúrgicos de Jerusalém, que serviram de base para o rito armênio. Por outro lado, a próxima Geórgia, depois de um período de flutuações, deveria entrar definitivamente na órbita de Constantinopla.
 
O mesmo acontece com a Síria romana, de onde parecem ter vindo os primeiros missionários que evangelizaram os etíopes do Reino de Axum. Mas desde o início, considerou-se este grupo cristão sob a autoridade do patriarca de Alexandria, e tal dependência eclesiástica deverá condicionar o desenvolvimento da liturgia etíope. Assim, na metade do século V, apesar dos tumultos e às vezes dos cismas provocados pelas disputas para fixar a doutrina sobre a Trindade (Concílio de Niceia, 325, e de Constantinopla, 381) e a cristologia (Concílio de Éfeso, 431), a Igreja pareceria sólida e harmonicamente organizada. Dentro do Império Romano, existem cinco patriarcas (pentarquia), quatro dos quais apostólicos (Roma, Alexandria, Antioquia e Jerusalém), comparados aos quatro rios do Paraíso que regavam e tornavam fértil a terra; a sede de Constantinopla, a capital imperial, tenta revestir-se da autoridade do apóstolo São André, que, segundo o Evangelho de São João (12,22), apresentou Jesus aos gregos. Se tal patrocínio é contestável, a importância política da capital lhe proporciona um lugar proeminente na organização eclesiástica. Fora das fronteiras, os dois Katholikados, o da Pérsia e o da Armênia, declararam-se autônomos (autocéfalos), mas mantendo a comunhão com a fé católica.
 
No entanto, esse belo equilíbrio é frágil e está minado pelas fissuras que ampliam constantemente o surto do nacionalismo, mais difícil de reprimir por uma administração imperial medíocre, e pelas divergências que comporta, no campo doutrinário, a diversidade de mentalidade e cultura vivamente presentes sob o verniz greco-latino. As rivalidades pessoais e influências entre os titulares das grandes sedes, mesmo que por outro lado sejam santos, levarão em breve a rupturas irreparáveis. É importante ter uma visão geral de todos esses elementos de natureza e valor diversos para julgar adequadamente o doloroso período que vai do Concílio de Calcedônia (451) à expansão muçulmana que foi inconscientemente preparada.
 
Enquanto a condenação de Nestório no Concílio de Éfeso não havia provocado mais do que uma leve tensão, logo acalmada pela sabedoria de São Cirilo (433), a de Eutiques, mesmo sendo uma figura de menor envergadura, transformará o dogma de Calcedônia na maçã da discórdia.
 
Fonte: DALMAIS, Irénée Henri. Las Liturgias Orientales. Bilbao: Editorial Desclée de Brouwer, 1991, p. 15-18. (Tradução nossa).

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