A paternidade e a maternidade responsável | Série: A família cristã como nova criatura

A paternidade e a maternidade responsável manifesta-se também no planejamento familiar natural. De acordo com ele, os esposos estão sempre abertos à vocação divina para a transmissão da vida. Para responder a essa vocação, o casal procura tomar ciência e conhecer as possibilidades de cooperação na geração de uma nova vida, colocadas por Deus na natureza das relações íntimas. O planejamento natural está ligado à pesquisa do tempo determinado para a concepção de uma nova vida.

A vocação para a paternidade e maternidade não impede a abstinência periódica e a adoção de métodos de regulação da natalidade, que se baseiam no aproveitamento de períodos não férteis do organismo da mulher[1]. A convivência conjugal permanece casta, porque respeita a dimensão corporal do amore não tolhe a sua fertilidade natural.

A regulação natural da concepção distingue-se das ações contraceptivas, porque o casal permanece aberto à aceitação de uma nova vida. Essa forma de regulação não admite nenhuma intervenção na estrutura procriadora do homem ou da mulher com fins de interrupção temporária ou definitiva de sua capacidade de concepção. O planejamento familiar natural ensina o casal a compreender e respeitar a fecundidade de ambos, a conhecer os períodos de fertilidade do organismo feminino.

A abertura para o dom divino da vida e a busca da vontade de Deus permitem ao casal acolher com amor uma nova vida mesmo quando os esposos “não planejavam” procriar. Nessa família, todo o filho, dado por Deus, será desejado e aceito com confiança nele. Os métodos naturais de planejamento familiar, observando a castidade do ato sexual em sua abertura para a vida, fortalecem a união no matrimônio. A disponibilidade para a aceitação dos filhos torna o casal idôneo até para a adoção de crianças órfãs.

A paternidade e a maternidade responsável não se resume na aceitação do dom de uma nova vida; ela predispõe-se a criar as devidas condições para o desenvolvimento integral da prole. Os pais cristãos devem conscientizar-se de que os filhos, a eles dados por Deus, pertencem sobretudo a ele. Os filhos de Deus, na sua vida terrena, são apenas confiados à tutela dos pais. A vocação paterna e materna tem necessidade de um amor oblativo aos filhos. O bem dos filhos é o objetivo maior da educação por parte dos pais. Por isso os pais não podem considerar os filhos como “propriedade” sua ou usá-los como meio para atingir algum outro objetivo. A criança tem o direito natural de ser criada e educada numa família íntegra[2]. O melhor meio para a educação dos filhos é a conduta cristã madura dos próprios pais, as relações que eles têm entre si e com os demais membros da família e da sociedade.

São João Crisóstomo recorda aos cristãos que eles são chamados para criar filhos não somente para a vida temporal, mas também para a vida eterna[3]. Além das necessidades materiais e psicológicas, a criança tem também necessidades espirituais. A formação religiosa e espiritual constitui parte indefectível da educação dos filhos e de seu crescimento na graça de Deus.

[1] Paulo VI: Encíclica Humanae vitae (“Da vida humana”), (25 de julho de 1968), 16.

[2] Cf. João Paulo II: Discurso à comissão de jornalistas europeus sobre os direitos da criança, (13 de janeiro de 1979).

[3] Cf. João Crisóstomo: Comentário ao santo evangelista Mateus, Homilia 59, 7.

Fonte: Cristo nossa Páscoa: Catecismo da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Tradução: Pe. Soter Schiller, OSBM. Curitiba: Serzegraf, 2014, n. 892-897.

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