Os vasos e objetos litúrgicos orientais

Na igreja – lugar sagrado destinado à oração – encontram-se objetos sagrados necessários para a celebração litúrgica. Quando entramos numa igreja, notamos diversos lampadários: lâmpadas diante de ícones, a lâmpada da “luz perpétua” diante da iconóstase, o candelabro de sete braços na parte traseira do altar e velas na “tetrápode”. Acompanham-se com velas acesas as procissões litúrgicas, a leitura do Evangelho e a comunhão dos fiéis. O bispo abençoa com castiçais de dois e de três braços (em grego dikyrion e trikyrion). O uso dos luzeiros é profundamente simbólico: eles servem não só para iluminar o templo, mas sobretudo para representar Cristo, Luz incriada que ilumina o mundo[1].

Lugar importante na igreja tem a cruz. Vemos cruzes no altar, na “tetrápode”, na iconóstase e na abside, atrás do altar. A cruz está no alto da cúpula de igrejas, de capelas, nas sepulturas. A cruz é sinal do triunfo de Cristo sobre o pecado e a morte, manifestação do amor divino para conosco. Por isso veneramos a santa cruz vivificante, no dia da Exaltação da Santa Cruz e no terceiro domingo da Grande Quaresma, com prostrações e ósculos.

Na igreja encontram-se também estandartes, com ícones bordados ou pintados. Os estandartes são insígnias cristãs: com o signo da cruz nos estandartes de seu exército, o imperador Constantino derrotou o inimigo. Por isso os estandartes são hoje usados nas procissões e durante as celebrações em sinal de adesão ao Nosso Senhor e ao seu triunfo sobre o mal. Atrás do altar encontram-se os repidions, abanadores de metal com efígies de serafins, simbolizando a presença invisível dos poderes angelicais junto ao altar do Senhor.

Na celebração das Vésperas com vigília antes das grandes festas, sobre a “tetrápode” é colocada uma vasilha apropriada para essa celebração, que contém cinco pães em memória da multiplicação milagrosa dos pães operada por Cristo. A vasilha contém também trigo em grão, vinho e azeite em pequenos recipientes. O sacerdote abençoa esses produtos, pedindo que Deus “os multiplique nesta cidade e no mundo inteiro”. Na celebração da vigília, o sacerdote também faz a unção com o óleo bento e os fiéis beijam o ícone da festa e tomam o pão umedecido em vinho.

Nas celebrações litúrgicas é usado o turíbulo, vaso que contém brasas, sobre as quais é deitado o incenso perfumado. O celebrante incensa a igreja, os ícones e os fiéis em sinal de adoração a Deus, presente no templo. A fumaça do agradável aroma do incenso representa a graça do Espírito Santo que desce sobre os fiéis; simboliza também a oração da Igreja que se eleva a Deus: “Suba minha prece como incenso em tua presença”[2]. Durante o incensamento, os fiéis inclinam piedosamente a cabeça, diante do mistério da presença do Espírito Santo.

Na celebração da Divina Liturgia são utilizados vasos sacros: patena, cálice, asterisco, lanceta e colherinha. A patena (em grego diskos) é um disco metálico banhado em ouro, no qual o sacerdote coloca o “cordeiro” (hóstia maior) e as hóstias preparadas na Proscomida. O cálice é um vaso banhado em ouro, destinado para o vinho eucarístico. Do cálice é distribuída a comunhão na Liturgia. Para o recorte do “cordeiro” e das hóstias da “prósfora” é usada a lanceta, uma pequena lâmina com ponta de lança, lembrando o lado de Cristo perfurado pela lança. Por sobre o “cordeiro” e as hóstias na patena é colocado o asterisco: dois pequenos arcos metálicos, fixados de forma a serem colocados em forma de cruz. O asterisco simboliza a estrela de Belém, que conduziu os magos até ao Menino Jesus, o Cordeiro de Deus. Os dons preparados são cobertos com três toalhinhas: uma cobre a patena, outra o cálice e outra ainda, a maior delas, chamada aer (do grego “ar”) cobre ambos os dons. Como a Liturgia é memória da vida e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, as toalhas simbolizam as faixas que envolviam o Menino Jesus e o sudário no qual foi envolvido o corpo de Jesus.

Para comungar os fiéis, é usada uma colherinha banhada em ouro. Como na visão do profeta Isaías o anjo pegou a brasa com uma tenaz e tocando os lábios do profeta, purificou-os (cf. Is 6), assim com a colherinha o sacerdote dá aos fiéis o puríssimo Corpo e o preciosíssimo Sangue de Cristo, para a purificação dos pecados.

O antimínsio (em grego, antiminsion) é uma peça de linho, ou de seda, com relíquias costuradas dentro e com a imagem de Jesus descido da cruz. O antimínsio fica sobre o altar e sobre ele são consagrados os Dons Eucarísticos. Ele é benzido pelo bispo maior da Igreja particular na Quinta-Feira Santa, junto com o santo óleo da Crisma. O antimínsio recebe a unção desse mesmo óleo. Com a assinatura de próprio punho no antimínsio o bispo registra quando e para qual igreja ele foi consagrado. Por sobre o antimínsio é colocado o ileton (em grego, “lenço”), que simboliza o lenço que envolveu a cabeça de Nosso Salvador no sepulcro.

[1] Cf. Liturgia dos Dons Pressantificados, proclamação após o segundo proquímeno.

[2] Sl 140, 2; cf. Missal: Liturgia dos Dons Pressantificados, proquímeno após as leituras.

Fonte: Cristo nossa Páscoa: Catecismo da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Tradução: Pe. Soter Schiller, OSBM. Curitiba: Serzegraf, 2014, n. 640-647.

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