A Liturgia pelos Mortos

“Se ele não esperasse que os que haviam sucumbido (à morte) iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos” (2Mc 12, 44).

 Morrendo, o homem deixa este mundo e comparece perante Deus. Para um digno encontro com o Senhor é necessário o suporte dos vivos, a intercessão da Santíssima Mãe de Deus, do anjo da guarda e de todos os santos. Com a notícia da morte, os familiares, vizinhos e conhecidos reúnem-se junto ao corpo do finado para o “velório” (em grego parástasis, em ucraniano parastás), e rezam por ele. Assim, já desde o velório tem início o ofício em memória do morto. Ao longo da noite, segundo o costume cristão, é lido o Saltério pelo repouso eterno do falecido. Pelos padres e bispos falecidos lê-se o Evangelho.

Segundo um costume antigo, no dia do sepultamento reúnem-se na casa do falecido familiares e vizinhos para, em espírito de oração, fazer a memória do finado com uma refeição comum (em ucraniano tryzna) e trazer conforto à família enlutada. Posteriormente, a memória do finado é celebrada na igreja no nono e no quadragésimo dia e em todo o aniversário anual de sua morte. O memorial cristão supera a divisão entre vivos e mortos.

A Igreja reserva ainda outras datas para render memória aos mortos. Tais dias são todos os sábados em que lembramos os mortos junto com todos os santos, o sábado anterior ao início da Grande Quaresma (chamado “Sábado da liberação da carne”), três sábados da Grande Quaresma (segundo, terceiro e quarto) e o sábado antes do Domingo de Pentecostes: são dias de “memória universal dos mortos”. Existe ainda o costume de fazer a memória dos mortos de uma localidade ou de uma paróquia em particular no dia seguinte após a festa do padroeiro da igreja, em sinal de união entre os vivos e os mortos. No tempo pascal e no de Pentecostes, a comunidade paroquial dirige-se ao cemitério para rezar junto aos túmulos dos mortos e partilhar com eles a alegria da ressurreição de Cristo e da nova vida. O cemitério é o lugar sagrado: quando é bem cuidado e adornado é a melhor demonstração da atitude dos vivos para com os mortos. Quase todos os dias em que se faz a memória dos mortos caem no sábado. Nosso Senhor repousou no sepulcro no dia de sábado, esperando a ressurreição, por isso o sábado tornou-se para o cristão o dia de memória dos mortos que esperam a ressurreição no último dia.

Fonte: Cristo nossa Páscoa: Catecismo da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Tradução: Pe. Soter Schiller, OSBM. Curitiba: Serzegraf, 2014, n. 519-521.

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