O Reino | A uma só voz e com um só coração com Pe. Paulo Serbai, OSBM

Iniciamos a celebração bendizendo o reino: Bendito o Reino do Pai, do Filho e do Espírito santo… Estamos fora do mundo, pois o Reino de Cristo não é deste mundo. Estamos no céu, diante do Rei e de toda a sua corte: Maria a Mãe Santíssima, santos, anjos e todos aqueles que já habitam na glória futura. O céu e a terra unidos na celebração da Divina Liturgia. O próprio nome já nos diz: é divina, celeste, não deste mundo, não deste reino. Já degustamos do eterno, da eternidade, da vida futura… não precisamos de relógios, de celular… de nada que é deste mundo.

Esta realidade começa a se fazer presente já no momento da Proscomida, quando o sacerdote prepara os dons, as partículas, que serão consagradas. Na patena, ao centro, representado por uma partícula maior, está disposto o Cordeiro; à sua direita, o sacerdote deposita uma partícula para a Nossa Senhora; à esquerda, está a fileira de partículas aos santos e anjos; abaixo do Cordeiro, uma fileira de partículas que representam os mortos e uma outra, os vivos. Toda a Igreja, todos os concelebrantes estão ali, na patena.

Antes de recebermos o Rei da Glória, que vem invisivelmente escoltado pelos anjos, o Hino Querubínico nos convida para afastarmos todas a preocupações desta vida. Verdadeiramente não servem e só atrapalham. Estamos num lugar apartado, afastado, que não pertence para este mundo… O Rei da Glória reina no céu! Os nossos corações devem elevar-se ao alto, lá onde Ele se encontra. Precisamos estar dignos, belos, à altura do momento e lugar no qual nos encontramos.

O canto do Pai nosso nos faz ver valores deste reino, pois logo após a recitação do mesmo o sacerdote exclama: Porque a Vós, Pai e Filho e Espírito Santo, pertence o reino, o poder e a glória… Que valores são esses? O Pai, a fraternidade, a santidade do nome de Deus, a sua vontade, o pão que deve ser repartido e de todos, o perdão mútuo, e a luta contra o mal. Um reino de irmãos, que se amam, unidos ao redor do mesmo Pai, que ama e provê o necessário. Uma responsabilidade de todos! Estar no Reino é optar por estes valores, vivê-los concretamente. Nos envolvem! É um modo de viver e existir.

E por fim, antes da Santa Comunhão, quando o sacerdote volta-se aos fieis com o cálice convidando-os para se aproximarem, estes exclamam: Bendito o que vem em nome do Senhor! Repetem a aclamação jubilosa da multidão que acolheu Cristo como Rei quando ele entrou triunfalmente em Jerusalém. Hoje, em cada Divina Liturgia, O recebemos como nosso Rei! De verdade! Ele que vem para reinar, curar, alimentar, santificar, guiar… reinar na Igreja, na comunidade, nas famílias e nos corações. É o nosso Rei! Na oração de preparação para a Santa Comunhão, nós rezamos com o malfeitor arrependido: Lembrai-vos de mim, Senhor, Soberano e Santo no vosso reino. Jesus se faz presente, como Rei, e reina verdadeiramente.

Como é bom saber onde nós estamos! Isso faz uma diferença! Precisamos ter consciência deste momento e lugar. Não importa se é dentro da igreja, numa capelinha, no pavilhão, numa escolinha… o Reino se faz presente. Estamos fora do mundo, longe das preocupações desta vida. Tantas vezes estamos tão longe desta realidade! E isso toca a todos nós! Celebrantes e concelebrantes! Tantas distrações, pensamentos que voam, julgamentos… estamos e não estamos! Presentes e ao mesmo tempo ausentes! O Rei quer nos ouvir, ver, se alegrar com cada um… pois foi por cada um de nós que ele entregou a sua vida! Precisamos acreditar nessa realidade… Repito: não fazemos teatro, não fingimos… estamos no Reino, na casa de Deus, no céu… mesmo se representamos misticamente os Querubins mas fazemos isso realmente, de verdade.

A Divina Liturgia é a Porta para o Reino, para o céu! Um lugar e momento privilegiado para participar do reino. Ela é celebrada no céu, pelo único sacerdote Jesus Cristo. É para lá que nós somos convidados a elevar os nossos corações e concelebrar. Retornando ao mundo, voltando para as nossas casas e afazeres, os valores do Reino vão conosco. Nos acompanham. O Rei, a sua vontade, os seus mandamentos e nós, formamos unidade. Isso é divino! Somos da realeza, ou seja, do reino divino! Ele vive em nós! O nosso coração torna-se trono do Rei! Somente Deus poderia agir assim! Viva o nosso Rei Jesus Cristo!

Pe. Paulo Serbai, OSBM
Mestre em Ciências Eclesiásticas Orientais

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