Nasceu no dia 18 de julho de 1889 na aldeia de Vuhnev, na região de Lviv. Contudo não temos notícias exatas sobre a sua juventude e sua vida. Durante a perseguição soviética muitos arquivos que tinham relação com a Igreja greco-católica ucraniana e a Ordem Basiliana foram destruídos, assim que hoje é difícil, em alguns casos impossível, reconstruir com exatidão, alguns acontecimentos históricos, mesmo os mais recentes.
Entrou na Ordem Basiliana, no mosteiro de Krekhiv, no dia 24 de setembro de 1904. Ali completou a sua formação monástica e emitiu os primeiros votos no dia 16 de maio de 1907 e em setembro de 1910, proferiu a profissão solene.
Krekhiv, lugar de formação do Padre Baranyk, é um mosteiro histórico (séc. XVII), que se encontra a 35 km a nordeste de Lviv. Os soviéticos danificaram-no seriamente e, depois de expulsar os monges, transformaram-no em manicômio. Recentemente o mosteiro foi completamente restaurado, voltou a ser lugar de oração e de peregrinações. Ali hoje funciona o noviciado basiliano.
Padre Baranyk foi ordenado sacerdote no dia 14 de fevereiro de 1915 e logo enviado ao mosteiro de Zhovkva, a poucos quilômetros de Krekhiv. O centro basiliano de Zhovkva era conhecido por sua atividade missionária. Junto a uma comunidade paroquial muito ativa, havia também uma histórica e bem aparelhada tipografia, que ainda hoje é ponto de referência editorial para toda a Igreja Greco-Católica Ucraniana.
Padre Baranyk iniciou com entusiasmo sua missão. Em primeiro lugar, dedicou-se à catequese das crianças. Publicou para elas uma revista intitulada O Nosso Amigo (Nach Pryiatel’), levando-as a conhecer o amor de Deus. Contudo, o empenho com as crianças e com a redação, não distanciaram o Padre Baranyk do trabalho paroquial. Dirigiu a Congregação Mariana e o Apostolado da Oração. Foi responsável pelo orfanato e instrutor de outros monges da Ordem. Além disso, pregou muitos retiros espirituais para religiosos e fiéis. Era uma pessoa alegre, bondosa e sincera, como o lembram todos aqueles que o conheceram nos anos que esteve em Zhovkva.
Em 1931, Padre Baranyk foi nomeado hegúmeno (superior) do mosteiro basiliano e pároco da igreja da Santíssima Trindade, em Drohobych, uma das regiões mais importantes da Ucrânia ocidental. Enquanto superior, ele enfrentou muitas dificuldades e responsabilidades. Mas ninguém podia imaginar que ali, em Drohobych, esperava por ele a palma do martírio.
Padre Damian Bohun (+17/12/2008, com 99 anos de idade), declarou: “Ele tinha um coração bondoso e sempre procurava ajudar as pessoas. Dedicava-se ao trabalho religioso e sacerdotal, procurando aproximar as pessoas de Deus”. Sendo um grande amigo dos jovens, ele se interessava pelo esporte na região de Drohobych. Participou ativamente da vida pública da cidade, inclusive foi membro do Conselho da Cidade.
Depois que o exército bolchevista “de libertação” invadiu a Ucrânia ocidental, a Igreja Greco-Católica passou para a clandestinidade.
Quando os soldados russos ingressaram em Drohobych, a KGB proibiu os padres Baranyk e Senkivskyi de sairem do mosteiro, alegando estar em tempo de guerra. Os fiéis, no entanto, intuindo aquilo que poderia acontecer, aconselharam os dois sacerdotes a abandonar o mosteiro o quanto antes. Porém, os dois, conscientes de suas responsabilidades, se recusaram a deixar o mosteiro. Eles disseram: “Se eles não nos encontrarem aqui, vão se vingar em outras pessoas, por isso é melhor nós não sairmos daqui”. Foi o Padre Bohun a referir esta heróica decisão dos coirmãos.
Os dois basilianos decidiram preparar-se para o que estava por acontecer, recebendo o Sacramento da Reconciliação e esperar com paciência. No dia 26 de junho de 1941 foram levados para a prisão de Drohobych e nunca mais foram vistos vivos.
Dois ou três dias depois o exército alemão entrou em Drohobych. Os prisioneiros que se encontravam nos cárceres soviéticos foram libertados. Os alemães permitiram que as pessoas fossem procurar seus parentes. Mas, quando abriram os portões da prisão, aquilo que as pessoas viram foi uma cena de horror traumatizante. Josyf Lastoviak, uma das testemunhas, recorda: “No final de junho de 1941, a frente de guerra aproximou-se de Drohobych. Atrás da prisão vi uma grande vala camuflada, coberta de areia. Quando os soviéticos se retiraram, chegaram os alemães e as pessoas correram para o cárcere para reconhecer seus parentes torturados. Muitas pessoas ficaram aguardando na entrada da prisão. Eu era ainda muito jovem e do lugar onde me encontrava não conseguia ver nada. Resolvi, então, subir numa árvore. Foi terrível. Eu vi os alemães mandar algumas pessoas escavar a fossa coberta de areia. Ali estavam enterrados os corpos dos torturados. Ao lado daquela fossa estava uma tenda sob a qual jazia o corpo do Padre Severian Baranyk horrivelmente mutilado: o corpo estava muito inchado, negro, o rosto irreconhecível. Mais tarde meu pai me disse que havia um entalhe em forma de cruz no seu peito. Eu vi o seu corpo a uma distância de uns 10 a 15 metros.”
Alguns anos depois do fim da guerra, um promotor de justiça, relatando à Sofia Morshka aquilo que aconteceu na prisão, principalmente com os dois sacerdotes, afirmou que “um deles foi fervido num caldeirão e servido na sopa aos demais prisioneiros. Outros eram enterrados até o pescoço e suas cabeças esmagadas”.
A sepultura definitiva do Padre Baranyk permanece desconhecida até hoje. Numerosas testemunhas afirmam que foi sepultado com outras pessoas em uma vala comum no cemitério da rua M. Hruchevskyi, na cidade de Drohobych. Em 1991, durante a cerimônia em memória das vítimas do totalitarismo comunista, em Drohobych, foram transportados simbolicamente em procissão os ataúdes dos Padres basilianos Baranyk e Senkivskyi.
Hoje, a Ordem de São Basílio Magno conta com mais de 500 membros. A maioria encontra-se na Ucrânia. O papel desses padres, como autênticos semeadores da esperança, continua sendo fundamental na vida do povo ucraniano, porque a sua missão tem raízes fundamentadas no testemunho dos seus mártires. O povo não esqueceu os seus mártires.
A Igreja Católica celebra a memória do bem-aventurado mártir Pe. Severian Stepán Baranyk no dia 27 de junho, juntamente com outros confessores e mártires, beatificados em 27 de junho 2001, pelo Santo Padre João Paulo II, em Lviv.
Referência:
MATTEI, Giampaolo. L’Osservatore Romano. Ucrânia terra de mártires. Coluna dirigida por Mario Agnes.