O homem foi e continua sendo estudado pela filosofia, porém de tempos em tempos mudam as perspectivas e o modo de pensar. Antes havia a preocupação em responder quem somos, de onde viemos e para onde vamos; já em seguida se pensava nas questões teocêntricas; e na modernidade já se abandonam as questões sobre Deus e busca-se elaborar um pensamento antropológico em que o homem passa a ser o centro e isso leva a afirmação cada vez mais de sua capacidade racional.
A partir do século XIX, o homem passou a considerar concepções materialistas sendo elas boas para sua vida, e precedendo daí deixou de pensar em sua dignidade, seu modo de ser, o valor da vida, etc. Assim, o homem abre espaço para um esvaziamento de si mesmo, levando ao egoísmo, ao individualismo, e mais ainda acentua a importância da vida em prazer desregrado que muito degrada a dignidade da vida humana, levando-a à cultura do descarte e de considerar a pessoa como um mero objeto.
Com todos esses problemas, o homem só tem a perder e esquece que não está prejudicando somente a si, mas ao outro e, de certo modo, o mundo em que habita. Por isso, precisamos ter em mente dois contextos, o da ciência e o que nos diz a tradição judaico-cristã, mais precisamente, de como foi o comportamento e a ação que a pessoa de Jesus de Nazaré deixou para o povo de seu tempo na relação do homem com o seu agir, e como essa relação se dá no homem contemporâneo que está nessa situação de decadência consigo, com o próximo e com o mundo.
A história do ser humano, vista a partir da tradição cristã não é a mesma se for pensada sem Jesus. Quando pensamos na existência do universo, sobretudo levando em consideração o que diz a ciência moderna, se percebe que o ser humano surgiu apenas recentemente, mas mesmo assim, a julgar pelas reflexões do próprio homem, ele é, indubitavelmente um privilegiado – pensa sobre si mesmo, relaciona, reflete, cria engenhos que só um ser pensante consegue fazer.
Na criação, considerando o Criador e sua obra, vemos que o autor quis que o humano fosse sua imagem e semelhança, e por alguma razão, isso faz sentido. Primeiro porque somos criaturas que, em muito, divergimos das demais, embora a nossa forma material seja, basicamente, a mesma química das demais criaturas. Considerando o privilégio e a diferença, podemos entender bem a razão por que temos uma responsabilidade na criação.
O homem, através de sua consciência, analisa e pensa sua situação, pois somente ele sabe que sabe e nesse sentido é chegada a hora dele reconhecer e começar a pensar sua ação e posição no mundo, especialmente na atualidade, pois são tantos os equívocos que cometem que o levam a consequências drásticas, que ocorrem por não pensar atentamente; que sua ação não deva terminar por resgatar tudo para si, mas para o outro também. Somente quando o homem tomar consciência de que está no mundo e não age fora dele, talvez as coisas tendam a melhorar, pois deste modo irá compreender que sua ação deve tender para o bem de si, do outro e do mundo.
Nesse processo de discernimento, é preciso considerar alguns pontos como a ética, os valores e principalmente a história, que por meio dela o homem tem a capacidade de olhar para o passado e julgar as ações que foram realizadas lá, e analisar as que não deram certo para não voltar a cometer o mesmo erro, e as que foram boas talvez numa maneira diferente tentar empregá-las no seu tempo, para que possa contribuir para dignidade da vida e de um futuro assegurado.
Desse modo, o olhar para o passado se faz urgente, pois a ação daquele de quem exemplo queremos apresentar deve ser pensado para que hoje a humanidade se conscientize de que não devemos agir incoerentemente com a verdade; mas principalmente com a vida e com o outro, pois hoje tudo tende a ser um consumo desregrado que leva o homem a perder seu modo racional de pensar antes de agir. Isso não deve ser admitido, pois o homem precisa ser tratado com dignidade, respeito e não como um simples e mero brinquedo de descarte; a angústia e as inquietações talvez sejam compreendidas se a verdadeira ação venha a ser executada e vivida, porque tende a transformar sua vida.
Quando o homem age irracionalmente levando com sigo a dignidade e tendendo seu caráter ao mal se perde seu modo de agir, pois a ação revela a pessoa, e neste sentido precisa revelar-se como pessoa e não como instrumento, objeto de prazer ou descarte; perdendo o sentido de Deus, perde-se o sentido do homem, de sua dignidade e de sua vida, conforme diz o Papa João Paulo II, em sua carta encíclica Evangelium Vitae. O homem, se entendesse o valor precioso do que é a vida e de tudo aquilo que ele participa, jamais iria descartá-la; ao invés disso a preservaria da mesma maneira como preserva o ouro.
Autor: João Paulo Vituriano, Licenciado em Filosofia.
Um homem sem dignidade não tem o porquê de ser uma pessoa confiável. Hoje em dia muitos não respeitam o próximo, mas com o passar do tempo verá o grande erro que cometeu.
O homem tem deixado cada dia mais a crença e a esperança em Deus. Desse modo, vive para si e por si, aumentando a sua independência e egoísmos.
Um homem sem dignidade realmente abre espaço para um esvaziamento de si mesmo. Não reconhecendo seu próprio valor humano.
A partir do momento que o homem se afasta de Deus e passa a ser o centro de si mesmo, as coisas perdem o rumo. Acredito que o homem deve acreditar em algo, ter fé em algo… Isso move o mundo e dá esperança!
De fato o consumo desregrado do ser humano está levando-o para o aumento do individualismo e do descarte desenfreado.
As pessoas estão negociando sua dignidade por coisas banais, pensem no momento e no que é conveniente para si, sem se importar com as outras pessoas, com o que sentem, suas dores.
Está difícil pensar como será daqui pra frente, com nossos filhos.
Nós somos os maiores exemplos para as futuras gerações.