Na união e no amor do primeiro casal, os santos Padres veem a imagem da Igreja. O vínculo matrimonial entre o homem e a mulher é eclesial pela sua natureza, como a natureza da Igreja se reflete na união matrimonial do casal. Na Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo nos fala sobre o mistério da relação entre Cristo e a Igreja, como imagem do vínculo matrimonial: “É um grande mistério, refiro-me à relação entre Cristo e a Igreja” (Ef 5, 32). A vida matrimonial é “imagem sacramental da Igreja”[1], lugar da presença e da ação de Cristo, sinal da nova vida. São João Crisóstomo denomina o matrimônio de “pequena Igreja”, que “de dia e de noite permanece perante a face do Senhor”[2].
Deus abençoa o amor matrimonial e lhe concede o dom da mútua doação e fecundidade. O amor une duas pessoas – o homem e a mulher – numa unidade, que o homem não pode romper: “O que Deus uniu, o homem não separe” (Mt 19, 6). A união matrimonial realiza-se pela mútua doação até à autoentrega: “Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5, 25).
O Espírito Santo– “Tesouro de bens e Fonte de vida” – agracia o matrimônio com dons para uma vida piedosa de paz, justiça, harmonia e amor. A missão do matrimônio na Igreja consiste em edificar o Corpo de Cristo na comunidade de fé e amor, e de santificação mútua. O Espírito Santo faz da comunhão matrimonial uma “Igreja doméstica”. Nas orações do Rito do Matrimônio o sacerdote dirige-se a Deus com a seguinte súplica: “Coroai-os, Senhor, Deus nosso, de honra e glória”[3].
[1] Cf. João Crisóstomo: Comentário à Epístola aos Colossenses, Homilia 12, 5.
[2] Cf. João Crisóstomo: Comentário à Epístola aos Efésios, Homilia 20, 6.
[3] Eucológio: Rito do Matrimônio, prece na coroação dos nubentes.
Fonte: Cristo nossa Páscoa: Catecismo da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Tradução: Pe. Soter Schiller, OSBM. Curitiba: Serzegraf, 2014, n. 856-858.
