A substância na história da filosofia

Ao inquirirmos o termo substância na história da filosofia, constatamos diversos pensamentos embasados na mitologia e nos primeiros filósofos. Todavia, especificamente na filosofia antiga, estes primeiros filósofos eram físicos. Eles buscavam, antes de qualquer coisa, um princípio único nos elementos da natureza. Neste sentido, o termo substância nos é indicado como estrutura necessário.

Ao nos remetermos a tempos pré-socráticos, retornamos a Tales de Mileto, que inspirado pelo mito do nascimento de Afrodite, refere-se à água como principio de todas as coisas. Na realidade não somente a água, mas tudo aquilo que se refere ao úmido. Segundo Tales, mesmo o quente provém daquilo que é úmido ou da água.

Todavia, não são unânimes os conceitos primários que originaram tantas outras coisas. Para Anaximandro, por exemplo. a substância primeira, ou que dá origem as outras coisas, é o ápeiron, que é o ilimitado. Este conceito consiste de um elemento indeterminado que poderíamos atribuir a uma união e separação dos corpos. Ainda que o ápeiron de Anaximandro possa parecer um conceito um tanto quanto subjetivo, para Anaxímenes essa substância seria o ar. Evidentemente constatamos que esse conceito se aproxima dos dois anteriores, sobretudo, no que diz respeito a Tales. Muito embora, no tocante a Anaximandro, o ar para os gregos seja algo infinito e que está presente em tudo.

Doravante, temos também Heráclito de Éfeso que propriamente trata do fogo como substancia primária. Assim como o fogo que mata a matéria para existir, seja ela a terra e o ar, assim é o fogo como substância para Heráclito. Desta maneira, nada tem um princípio único e nem um fim último. Aquilo que parece contraditório entre vida e morte, constantemente entre si, torna-se substância.

Posteriormente, não poderíamos deixar excluso “Pai” da teoria atômica, Demócrito. Sua teoria consiste numa agitação violenta da matéria que assim formam os átomos, que são unidades indivisas. O autor considera que o universo está composto de dois elementos simples: primeiro o vazio, também chamado de vácuo, e os átomos. Quando acontece a morte de um ser, esse se decompõe e dá origem a novos.

De forma distinta, Anaxágoras compreende que a substância do ser é imutável e, portanto, o não-ser pode existir. Para ele, existem várias sementes pelas quais vem todas as coisas. Anaxágoras apresenta o noûs como sendo o princípio de todas as coisas. Ele se sobrepõe aos sentimentos para conhecer e governar o universo.

Concluindo esse período Pré-Socrático, temos Empédocles. Para ele, a origem do universo somente poderia ser explicada pela união de vários elementos. Os primordiais e indestrutíveis que geram todas as coisas são os quatro elementos essenciais: fogo, água, ar e terra. Tais elementos se misturam de acordo com dois princípios universais opostos: philia e neikos, que poderia ser traduzido por amor e ódio, ou ainda construção e desconstrução.

Ao fim do período Socrático, é necessário lembrar que, os conceitos não giram mais em torno da substância primeira, mas em torno de um conceito antropológico de substância. Sócrates centrou seus pensamentos na problemática do homem, buscando responder as questões que se referem ao fim último do homem e o que seria sua essência. A única coisa que passou a ser tida com autêntico valor foram os elementos relacionados a alma. Com efeito, propriamente Aristóteles considera substância como movimento que tem por objeto de pesquisa a realidade suprassensível; a física comportou uma mudança no sentido de Physis (ser), ao invés de “totalidade do ser”, e passou a significar o “ser sensível”.

Já Porfírio, que se encontra em um contexto neoplatônico, introduziu o conceito de substância entendido como o gênero supremo de todas as coisas. No século III, ele apresentou seu próprio modelo explicativo detalhando uma classificação sobre as substâncias. Este modelo é conhecido como a Árvore de Porfírio em que ele estabelece uma estrutura em forma de árvore onde tudo o que existe é concebido de maneira gradual, ou seja, da substância mais geral para a mais particular.

Em relação a Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, que reformulam o conceito de substância, o primeiro considera os elementos que existem a partir da criação, uma criação ex nihilo, fora do tempo. Já o segundo, por sua vez, remonta seu pensamento a Aristóteles, sobretudo no que diz respeito ao ente e ao movimento do ser.

Artigo desenvolvido pelos estudantes Michel Muraro, Rodolpho Gazabin, Tiago Milchevski, Thiago Antunes, Weslei Adriano e William Silva na disciplina de Seminário Temático.

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