Pensamentos Agostinianos

Autores

Leonardo Pablo Origuela Santos
Felipe de Lima Suruagy

Sinopse

Agostinho de Hipona, bispo que viveu entre os anos 354 e 430 de nossa era, certamente surge como uma das figuras mais pertinentes no ambiente acadêmico. Conhecido por seus embates contra grupos sectários da religião cristã, bem como por admoestar os fiéis equivocados da doutrina católica, os frutos de suas reflexões foram colhidos tanto pela Igreja no momento de suas fundamentações de fé, como também pelo Império Romano em seus interesses políticos. A beleza de sua retórica, somada às suas intuições filosófico-teológicas, reverberam em nossos dias nos sem número de trabalhos científicos despertados por suas palavras e argumentos. Até mesmo naqueles dissonantes às suas ideias, as obras do bispo africano insistem em contribuir com novos rumos para a pesquisa científica.

É na esteira de tal interesse que o presente livro se constitui como um espaço oportuno à diversidade de análises suscitadas pelo pensamento agostiniano. E sintomaticamente é esta a razão pela qual leva ele o título de “Pensamentos Agostinianos”. Devemos dizer que o esforço aqui demonstrado na elaboração de tal obra teve sua motivação a partir da XIII Semana de Filosofia da Faculdade São Basílio Magno (FASBAM) realizada em maio de 2022, que na ocasião contou com docentes e pesquisadores do tão antigo e tão novo pensamento do Bispo de Hipona. A presente coletânea dos trabalhos que compõem este título é mais uma demonstração da hodierna influência desse importante pensador, cujas questões estão ainda distantes de serem suficientemente esgotadas pela pesquisa acadêmica.

O trabalho aqui desenvolvido contou com a participação de diversos autores, engajados cada qual em diferentes linhas de pesquisa. Ponto que torna o conteúdo ainda mais interessante e acentua o caráter multiforme também do interesse na filosofia e teologia agostinianas. Por esse motivo optamos por uma organização metodológica em certo sentido, propondo uma separação entre os assuntos de caráter mais teológico e aqueles mais filosóficos, como num itinerário pelas leituras do filósofo que culminaram nas páginas aqui dispostas. O que não se trata de um rigor na ordem da leitura. Esperamos, na verdade, oferecer com isso uma pequena contribuição ao leitor cujos temas despertem o desejo pela leitura e futuros desenvolvimentos.

O presente livro é, pois, composto de nove capítulos, cada qual com nuances características das leituras do corpus bibliográfico do Bispo de Hipona – ora num esforço interpretativo, ora no de estabelecer uma aproximação com outros autores –, ancorados todos eles no pensamento agostiniano como o seu referencial teórico maior.

O primeiro capítulo, de autoria de João Pedro Fritoli Vieira, com o título O livre-arbítrio: considerações a partir da filosofia agostiniana, tem por objetivo fazer uma análise do pensamento do bispo africano sobre o tema do livre-arbítrio. Para tanto, o autor oferece uma compreensão de como o mal se caracteriza para Agostinho e nos leva num segundo momento a pensar sobre o tema a partir do mau uso da vontade livre.

No segundo capítulo, escrito por Leonardo Pablo Origuela Santos, com o título A ordo universalis e ordo amoris: ontologia, ética e teleologia em Agostinho de Hipona, é-nos oferecida uma caracterização daquilo que pode ser tratada como uma ontologia agostiniana. Na sequência, ainda algumas considerações sobre a teleologia do homem para o filósofo. Ambas as noções fundamentais se encerram numa análise a partir dos conceitos de ordo universalis e ordo amoris, respectivamente uma ontologia e uma ética.

O terceiro capítulo, escrito por Rodrigo Alves Rodrigues, com o título Livre-arbítrio e mal moral: o problema do mal como desordem da natureza humana segundo Santo Agostinho, tem seu objetivo numa delimitação do mal moral como o interesse crítico do filósofo, a partir do qual desenvolve sua noção do mal como uma desordem da natureza humana, que possui o livre-arbítrio. Num segundo momento o autor procura tratar de demonstrar como o bem e o mal estão misturados na vida do homem e como pode ele reconhecer a sua responsabilidade frente às próprias paixões.

O quarto capítulo, escrito por Felipe de Lima Suruagy, com o título Agostinho e suas influências estoicas: análise da obra De Libero arbítrio, tem como principal objetivo evidenciar as influências que as intuições estoicas tiveram no pensamento do bispo. Tudo isso a partir de uma análise da obra De libero arbítrio. O trabalho ainda desenvolve os temas da paixão, pecado e liberdade, demonstrando os pontos relacionados ao que encontramos já no estoicismo, sobretudo no de terceira fase.

O quinto capítulo, escrito por Alan Eric de Souza, com o título Uma introdução à questão do mal no pensamento de Santo Agostinho, consiste no esforço por uma delimitação sobre a visão que conserva Agostinho acerca do problema do mal. Ademais, ainda sugere uma análise sobre a influência de diversas correntes, como o neoplatonismo e o maniqueísmo – sobretudo este –, que levaram o bispo a uma conceituação cada vez mais complexa sobre o mal no mundo.

O sexto capítulo, cuja autoria é de Iury Maycon da Silva Sales, intitulado O mestre interior em Santo Agostinho: a verdade, a significação e o conhecimento, trata do tema da iluminação interior como propõe o filósofo, passando pelo que pode ser chamado de “gnosiologia agostiniana”. Tudo isso se realiza a partir da leitura das obras Confissões e De Magistro como referências na análise de tais temas.

No sétimo capítulo, de autoria de Murilo de Souza Guimarães, com o título O tempo segundo o pensamento de Agostinho de Hipona, o autor se ocupa de uma exposição do que vem a ser o tempo na concepção agostiniana, abordando inclusive a problemática da medição do tempo e como este é compreendido pelo Bispo. Isso tudo a partir de uma análise do livro XI das Confissões, bem como amparado pelos estudos desenvolvidos no âmbito acadêmico e que compartilham do mesmo interesse temático.

No oitavo capítulo, escrito por Bruno Castro Schröder, com o título A via da interioridade: um diálogo entre Agostinho de Hipona e Tereza de Jesus, o autor procura demonstrar como o termo interioridade foi desenvolvido, tanto por Agostinho, como por Tereza, sobretudo a influência que o Hiponense teve na obra da santa. Num segundo momento ainda, Schröder desenvolve um tipo de itinerário místico pelos quatro graus da oração como uma via para o encontro.

O nono capítulo, escrito por André Fernandes Oliveira, com o título A razão e a fé: diálogo entre Agostinho e Ratzinger, objetiva estabelecer um diálogo possível a partir das contribuições de Agostinho e Ratzinger. Mais especificamente, a pesquisa se deteve naquilo que podemos entender como um ponto de equilíbrio entre as possíveis tensões que podem ser geradas na discussão entre razão e fé.

Esperamos que os tesouros encontrados no pensamento agostiniano possam servir, não só como um complemento aos conhecimentos sobre o autor, mas também como um incentivo à pesquisa, cada vez mais aprofundada, nos temas aqui dispostos. Finalmente, desejamos a todos uma agradável leitura.

 

Leonardo Origuela

Downloads

Não há dados estatísticos.

Downloads

Próximo

26 agosto 2023

Categorias