A Criação a partir da Homilia I do Hexaemeron de Basílio de Cesareia

Basílio de Cesareia, também conhecido como São Basílio Magno (330-379), apresenta uma série composta de nove homilias que retrata os seis primeiros dias da criação na obra intitulada Hexaemeron, que ainda não possui uma versão publicada em língua portuguesa. Quanto à importância deste tema na atualidade, podemos levar em consideração a Carta Encíclica Laudato Si’, em que algumas citações desta obra de Basílio e a sua relação com o ser humano são feitas pelo Papa Francisco. O nosso objetivo neste artigo é discorrer, especificamente, sobre a Homilia I do Hexaemeron, em que a abordagem do criacionismo é realizada a partir do primeiro versículo do primeiro capítulo do Livro do Gênesis, isto é, “No princípio, Deus criou o céu e a terra”.

Ao analisarmos esta homilia, observamos a preocupação de Basílio em reforçar o pensamento cristão – a Filosofia Cristã – sem eliminar completamente os méritos da Filosofia Pagã, embora a critique duramente ao longo de todo o seu escrito. Mas, se nesta homilia Basílio não demonstra uma complementariedade entre a Filosofia Cristã e a Filosofia Pagã, nós encontramos em seu Discurso aos Jovens um sentido que dá a entender uma complementariedade dos pensamentos cristão e pagão, já que neste discurso ele exemplifica fazendo o uso da analogia da abelha em relação aos livros, isto é, que extraem das flores somente aquilo que utilizam para a fabricação do mel.

Temos que levar em consideração que as críticas realizadas ao pensamento pagão em sua homilia, são em vista do interesse de Basílio em solidificar a Sabedoria Cristã frente as dúvidas que surgiam na época, pois a doutrina da Igreja ainda não estava totalmente formatada – se é que podemos dizer isso dela nos dias de hoje – em meio aos cristãos do século IV.

Quanto a temática da criação, nota-se que, em últimos casos, Basílio recomenda a não especulação sobre a criação porque facilmente é possível cair em uma sequência de questionamentos que acabam resultando em um círculo de dúvidas, que não levam a lugar nenhum a não ser nelas mesmas ou ainda, que acabam direcionando ao infinito. Assim, concluímos que essa exortação de Basílio, um tanto quanto que, inibe o interlocutor de continuar se indagando sobre a sua existência e direcionando a resposta para Deus.

Em suma, a grande proposição referente a filosofia na Homilia I do Hexaemeron de São Basílio Magno que é de defender a Filosofia Cristã, é também, ao nosso ver, atrelada ao pensamento grego dos pré-socráticos. Nós conseguimos verificar, portanto, que existe uma relação do tema criação com as origens da filosofia e os primeiros questionamentos dos primeiros filósofos gregos – da proveniência das coisas, do ser, da ordem do mundo, entre outros.

Autor: Marco Antônio Pensak, estudante do 2º ano do Curso de Bacharelado em Filosofia.

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